Venda de obras de net.art ? Existe?

Quem disse que a net.art não pode ser vendida? Afinal de contas, o que se vende quando se vende arte na internet? Roberta Bosco e Stefano Caldana, do Blog Tecnologia, do diário El País, narram a história de sucesso do artista brasileiro Rafael Rozendaal, conhecido por ter vendido quase metade de suas obras de net.art. Veja a solução encontrada por Rozendaal para tornar possível o mercado da arte imaterial realizada na Rede.


Quem disse que a net.art não pode ser vendida?
Conceitualmente poderia ser o filho digital de Andy Warhol, mas na realidade Rafaël Rozendaal é neto do ex-presidente do Brasil, Humberto Castello Branco, ainda que seja mais conhecido por ter encontrado uma forma eficaz de vender suas obras de net.art, quadros digitais ou art website, ou como se queira denominá-las.


As obras de Rozendaal não são pinturas, mas seu processo artístico se assemelha muito ao dos pintores. Suas telas são páginas web individuais, minimalistas e multicores que, com uma estética muito pop, criam pequenas animações irônicas e carregadas de referencias à história da arte. Até agora, Rozendaal realizou 75 quadros digitais interativos, programados em Flash: desde a roda de Duchamp, le duchamp ou a warholiana Jello Time, passando por um rolo de papel higiênico que se desenrola a cliques do mouse Paper toilet, até o casal se beijando de Much better than this ou a angústia existencial de The persistence of sadness. Todas estão acessíveis através de ícones coloridos na parte superior de sua página web ou na página dedicada aos quadros digitais.


Até aqui nada de surpreendente, o que realmente assombra é o fato de Rozendaal ter conseguido vender quase metade de sua produção a colecionadores conhecidos e anônimos, atraídos por seu peculiar e concreto contrato para a venda de “obras artísticas sobre páginas web”.
Quem disse que a net.art não podia ser vendida? A net.art (e a característica grafia com o ponto entre os dois termos) teria surgido em 1997 como uma corrente artística que aspirava a criar obras para a Rede, sem nenhuma vontade de convertê-las em objetos físicos, instalações ou dotá-las de qualquer vertente expositiva. Sua gênese foi mais bem a provocação de um grupo de artistas do leste europeu, liderados por Alexey Shulgin, Olia Lialina e Vuk Cosic, que desafiaram o mundo da arte com algumas propostas imateriais, feitas de código e programação, propondo as problemáticas de um produto incorpóreo e, além disso, sujeito a uma multiplicação incontrolável, já que as páginas da internet, uma vez carregadas ficam na memória do navegador. Em um sistema baseado na lógica do mercado como é o sistema da arte, a irrupção dessas problemáticas inéditas se cristalizou ao redor de uma pergunta chave: O que se vende quando se vende arte na internet?



Dessa forma, enquanto artistas de uma corrente mais radical da net.art decidiam considerar a possibilidade de dotar suas obras de uma vertente física, Rafaël Rozendaal saiu da situação com simplicidade e, alheio às polemicas, concebeu e redigiu seu Art Website Sales Contract, disponível gratuitamente para quem queira baixá-lo e utilizá-lo. As regras são simples: o comprador escolhe a obra que lhe interessa, a encomenda e paga um valor que oscila entre 4.000 e 6.000 euros. A partir desse momento é o legitimo proprietário da web e seu nome o que aparece junto ao título da obra, quando esta é visualizada em um navegador. O artista segue mantendo o direito de exibir o trabalho vendido em exposições e em sua web pessoal, enquanto que o comprador pode expor a obra como preferir e tem como única obrigação encarregar-se de renovar o domínio da página web, já que cada peça tem seu domínio único e original.
De origem holandesa, Rafaël Rozendaal nascem no Brasil em 1980 e apareceu na cena da arte na Rede há uns 10 anos junto ao movimento artístico Neen, fundado em Nova York por Miltos Manetas. Tem um apartamento em Nova York, mas viaja continuamente e, mas vive e trabalha em qualquer local desde que tenha uma conexão com a internet. Sua web recebe mais de 15 milhoes de visitas ao ano e já participou das bienais de Veneza, Valência e Tapei, além de inúmeras exposições, incluindo um recente projeto individual apresentado no Museu Stedelijk de Amsterdã. Na Espanha, suas obras foram apresentadas em algumas mostras coletivas e em uma monográfica na Galeria dels Angels de Barcelona, em 2007. Para conhecer seu site, veja aqui. 


Quem escreve?
Erika Yangg Erika Yangg (@erikayangg) é freela em tempo integral, trabalha com design e arte- ilustração há 6 anos. Nas horas vagas estuda Artes Plásticas/UEMG e criou o Mulheres Freela. - "Arte, poesia e amor me inspiram".

3 comentários:

  1. Sei que o Post foge um pouco do assunto freela, mas ser artista também é ser autonomo, é ser free. E vender obras de arte feita pra irternet, achei incrivel. E vcs? bjos

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    1. Porque não vender? Arte é arte e tempo é arte!

      Total dentro do tema, nesse blog poderemos explorar muitos temas "Fora do tema", pois ser free é isso mesmo!

      Beijoca.

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  2. Achei muito interessante essa matéria, Camilla. Tipo, fazemos muito arte digital, muitas vezes são autorias despretensiosas ou arte experimental, daí, eu por exemplo acabo colocando numa galeria digital pessoal, que fica esquecida e quem vê e gosta muito pode até pensar em adquirir. Mas pagar? logo pensa... pra que comprar se posso arrastar pros meus arquivos pessoais no computador ou colar no mural do pinterest? Este artista brasileiro está elevando essas imagens digitais que vemos o tempo todo na internet como arte, arte que pode ser adquirida. Arte que deve sustentar o artista nesse mundo cão que agente vive.

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